A emoção de conhecer as primeiras
letras, eu devo-a ao meu finado pai. Assim, a cartilha Caminho Suave foi muito
suave para mim, pois quando fui para a escola já lia até a Bíblia Sagrada e
lembro-me que sagrado era perceber o contentamento do meu pai que, orgulhoso,
explicava as parábolas, que para uma menininha de seis anos eram bastante
confusas. Engraçado lembrar agora na minha escola nunca ter lido um livro
especificamente, havia uma preocupação apenas com os conteúdos vindos de
Curitiba para aquela cidadezinha de uma rua só, chamada Calógeras! Mesmo assim,
minha felicidade era estar na escola, eu me achava parte dela, acordava muito
cedo, andava três quilômetros e meio para chegar lá e torcia para demorar a
volta a casa. No sítio, eu devorava a coleção de “O Cruzeiro” do meu pai e as
“Revistas do Rádio” da minha mãe. Por isso, fui garota do Elvis desde
pequenina. Os gibis eu sabia de cor, então, muito curiosa, às escondidas das
minhas irmãs mais velhas, li a coleção inteirinha de Grande Hotel “O morro dos
ventos uivantes” aqui, a emoção se assemelhava às dos monges de “Em nome da
Rosa”. Já adolescente, quando voltava do ginásio enquanto sorvia um mingau de
maisena bem quentinho, saboreava capítulos do Rui Barbosa ou do Machado que
após ter lido minha avó materna me contava. Nem preciso dizer que dali em
diante, a sua estante foi a minha primeira biblioteca. Que saudade!
Por Neuza Fabro.
Por Neuza Fabro.
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